segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Mini-Fic: Eu não acredito no amor - Parte 3


Era incrível a rapidez que meu coração batia. E era ainda mais incrível como ele me conseguia pôr nervosa com a presença dele e me pôr tão à vontade com sua voz.

Então o que faz à noite num parque praticamente vazio e com um cappuccino na mão?_perguntou ele curioso e eu resolvi assustá-lo um pouco.



Sou uma traficante procurada em 26 países e estou à espera de um cliente._disse enquanto dava mais um gole no cappuccino, tentando parecer natural. Vi ele arregalar os olhos assustado. Eu não aguentei e comecei a rir que nem louca_To brincando.

Devo confessar que me assustou um pouco_disse ele respirando de alivio enquanto voltava a olhar a vista e gargalhando em seguida.

Eu sei. Devia ter visto a sua cara. Mas veja pelo lado positivo. Consegui fazer você rir_disse sorrindo alegremente, olhando a vista também.

Verdade, você conseguiu. Poucos conseguem_disse ele parando de rir e ficando sério._Mas ainda não percebi porque você vem a um parque à noite.

Faz parte da minha rotina. Não tem que ser um parque necessariamente. Hoje decidi mudar a minha rota. Todos os dias tenho a mesma rotina. Acordo, tomo café da manhã no Starbucks em que nos esbarrámos no outro dia, vou pro trabalho, depois do trabalho vou pra casa, janto, vou no Starbucks buscar meu cappuccino_mostrei o copo em minha mão pra ele_e venho dar uma volta por aí. Ás vezes vou até ao rio Sena e fico por um banco lá. A maioria das vezes na verdade. Mas hoje decidi mudar e vir até aqui.

E não tem medo?_perguntou ele. Pude sentir seus olhos em mim.

Por incrível que pareça, não._sorri e dei mais um gole no cappuccino.

E fazendo isso é uma forma de você relaxar?_perguntou e eu assenti positivamente.

Sim, é como se você saísse da sua rotina um pouco, mas isso faz parte dela. Você encontra sua paz. O silêncio ajuda muito. Alivia a mente e o corpo. Pelo menos pra mim_disse dando de ombros.

E o cappuccino?_perguntou com uma sobrancelha erguida e eu ri.

É meu vicio. Não pode faltar nunca. Faz parte do ritual_sorri virando o rosto para ele. Ele me fitava curioso.

Então quer dizer que se a Starbucks fechasse, era o fim do mundo?_perguntou sorrindo travesso.

Pode ter a certeza que era. Eu daria o maior barraco._dizendo isso ele riu. Mal ele sabia que eu era dona de todas as Starbucks, que por sinal estavam muito bem no negócio.

Hum, talvez experimente fazer isso um dia. Pode ser que resulte comigo._disse ele suspirando aparentemente cansado olhando a vista de novo.

Você parece cansado. Tudo bem?_perguntei com um pedaço de preocupação na voz, fitando-o. Não queria parecer intrometida. Afinal, ainda éramos estranhos um para o outro. Vi ele olhando para mim. Parecia em dúvida com alguma coisa. Provavelmente não saberia se devia falar ou não.

Eu sou advogado. O grande advogado da família, Joseph Jonas. Trabalho no melhor escritório de advocacia do mundo, que se situa aqui em Paris. Da família Jonas. Conhece?_perguntou ele me encarando. Eu assenti e ele continuo._Pois bem. Sou pressionado pelo meu pai para ser o melhor, a toda a hora. Sou pressionado pela minha mãe que quer que me case com Ashley o mais rápido possível. Ashley é aquela mulher que estava comigo no outro dia._ele me olhou e mais uma vez assenti e ele continuou_Eu a amo e casaria com ela com muito o gosto, mas isso só aconteceria se eu não soubesse que ela está comigo só pelo dinheiro e que me trai todos os dias. E ainda por cima ela é a mulher perfeita pra mim aos olhos de meus pais. Meus irmãos, fazem a vida deles e raramente nos falamos. Eles foram espertos e meio que saíram da família a tempo de escapar do inferno. Agora estão mais felizes que nunca. Meus amigos são a coisa mais falsa que pode existir. Só andam perto de mim pelo prestigio e fama. E a conclusão de tudo isso é que minha vida ta uma droga. Acho que não está tudo bem._ele voltou a olhar a vista. Parecia distante. Eu estava perplexa e só consegui dizer.

Wow. Vida agitada hã!_dei mais um gole no cappuccino e vi ele sorrir de canto.

Algum conselho?_perguntou, voltando a me encarar. Eu olhei para ele curiosa e perguntei.

Você quer um conselho de uma estranha?_ergui a sobrancelha e vi ele olhar pra baixo e rir brevemente.

Acredite, você está sendo a minha melhor amiga essa noite._e voltou a me olhar. Eu sorri e disse o que pensava.

Eu acho que tudo isso é sua culpa. É você que quer estar assim._pude ver a surpresa estalada no rosto dele. Talvez até desilusão_É você que faz suas escolhas e mais ninguém._eu parei um pouco para observá-lo e disse_Oiça, se você está farto de ser pressionado pelo seu pai, ponha um basta nisso. Enfrente-o. Diga que não quer ser manipulado na empresa, e que não quer ser o melhor. Diga que você quer ser apenas você. O que eu acredito que queira. E caso VOCÊ queira ser o melhor, tenho a certeza que o poderá ser sem ter seu pai nas suas costas o tempo todo. Em relação à sua mãe, bem ela é sua mãe. Eu tenho a certeza de que ela quer o melhor para você, mas é você que escolhe com quem quer casar.  Ashley, bem, não sei bem o que dizer. Você quer mesmo continuar com uma pessoa que trai você e que ta com você só por interesse?_perguntei por fim.

Não mesmo._respondeu ele de imediato._Mas eu a amo.

Hum, o maldito amor volta a atacar né?_disse sorrindo de canto.

Sim._disse, acho que meio inseguro_Mas eu vou terminar mesmo assim. Sei que irei superar mais tarde ou mais cedo. Eu não posso continuar assim.

Você que sabe_disse dando mais um gole do cappuccino_Como eu disse. Suas escolhas.

Eu vi ele sorrindo pra mim. Aquele sorriso me fazia derreter e eu odiava isso. Eu odiava tudo o que ele me fazia sentir. Era estranho e novo pra mim. E eu definitivamente não estava gostando do caminho que as coisas estavam tomando. Eu não sei por que, mas me custou ouvir da boca dele que ele ama Ashley. Isso não devia acontecer comigo. Não devia mesmo!

Obrigada._disse ele sorrindo_Você me ajudou muito essa noite.

De nada._disse sorrindo de volta._Ás vezes é melhor conversar com um estranho mesmo do que com alguém que conhecemos à muito tempo._disse e dei de ombros.

Você não é mais uma estranha pra mim._disse olhando em meus olhos e eu senti minhas pernas fraquejarem um pouco. Sorte a minha que estava apoiada na grade_Me dá seu celular?



Continua...


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