terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Capítulo 16 – Now Here We Are, So Close Yet So Far...


- Vem , Joe! – Demi me chamava enquanto corria pela areia macia da praia indo de encontro aos pássaros que se debandavam com a proximidade daquela humana tão ameaçadora a eles.




Eu sorria em direção a ela, e caminhava tranquilamente com as mãos no bolso. Era a visão que eu sempre pedi a Deus: mar, céu azul, sol se pondo, areia macia e branquinha sob meus pés e, claro, a mulher que eu amava sorrido... Feliz!

- Anda Joe, você tá parecendo um senhor idoso!  - ela disse e colocou as mãos na cintura fazendo um bico que me lembrava da real idade daquela garota a minha frente.
- Mas eu sou praticamente um senhor idoso meu amor! – eu disse fazendo Demi soltar a gargalhada que eu tanto amava. Aliás, existia alguma coisa que eu não amasse nela?

Demi correu em minha direção e pulou em meu colo me fazendo cair de costas na areia.

- Não é bem isso que parece quando estamos a sós entre quatro paredes, senhor Jonas! – ela disse divertida e fingindo um olhar malicioso.
- Isso não é coisa que uma mocinha da sua idade deva comentar. – eu disse com o mesmo tom divertido.

Demi sorriu brevemente, mas logo selou nossos lábios da maneira que só ela conseguia. Carinhosa e fervorosa ao mesmo tempo. A dose certa de tudo o que eu precisava, sem exageros, na hora certa, da forma certa.

Levantei e me pus sentado na areia com ela entre minhas pernas e com as costas apoiadas em meu peito. Olhávamos para o horizonte e admirávamos o modo como o mar parecia tocar o céu, bem ali, no infinito...

Era como se pudéssemos sentir o amor entre eles. Forte como o mar e sereno como o céu. Por mais que todos dissessem que era impossível que esse amor desse certo, ambos teimavam e se encontravam todo o dia, ali na linha do horizonte.  Eram como eu e Demi.

O vento acariciava meu rosto e fazia os cabelos negros dela dançarem no ar. Demi recostou a cabeça em meu ombro e fechou os olhos. Tão linda! Parecia tão frágil e tão desprotegida que a cada dia que passava minha necessidade de cuidar e proteger aquela menina crescia em mim, junto com o amor que sentia por ela.

- Joe... – ouvi me chamar, mas não era Demi.

Olhei ao redor e não tinha ninguém.

- Joe! – Demi continuava com o rosto sereno em meu ombro, sem mover os lábios.

De repente tudo pareceu fugir das minhas mãos, Demi ficou distante e eu senti como se estivesse sendo puxado, com força, para fora do meu corpo.

-JOE!

 E então...  Eu acordei.

-O que foi? – perguntei esfregando os olhos e sentando, assustado, na cama.
- É que já são quase meio dia e você não acordou...
- O QUE? – perguntei pulando da cama e correndo em direção ao banheiro. – Você esqueceu que eu trabalho, Ashley? Porque não me acordou?
- Desculpa, mas você estava dormindo tão serenamente... Parecia estar tendo um sonho bom. – ela disse dando de ombros.

Eu instantaneamente lembrei-me do sonho e de como parecia real. Ah, como eu daria tudo pra que fosse! Mas a cada dia que se passava era mais impossível. Apenas um sonho, no fim das contas.

Vesti-me rapidamente, depois de um banho a jato e de um café da manhã que consistia apenas em uma maçã. Estávamos caminhando para o fim de mais um ano e o frio, típico dessa época, já se fazia presente.  Pessoas andavam com seus casacos e cobrindo a maior quantidade de pele possível. Nada havia, realmente mudado durante esse tempo, mas dentro de mim era como se tudo tivesse se transformado.

Antes de sair com o carro eu a vi. Saindo de casa com seu casaco preto e suas botas de mesma cor que cobriam boa parte dos jeans que ela vestia, na cabeça uma touca vermelha e os bons e velhos fones de ouvido pra completar a cena.

- Boa dia, Sr. Jonas! – ela me cumprimentou sorrindo.
- Bom dia, Srta. Lovato. – eu disse sorrindo, por fora, mas por dentro eu estava destroçado.

Era a pior sensação do mundo vê-la todos os dias ali, tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Eu havia pensado em me mudar, ir pra longe, mas Ashley não quis. Irônico, mas ela alegava gostar da vizinhança. A mim, cabia a conformação.

- Quer carona? – ofereci esperançoso de tê-la perto de mim, nem que fosse como cordiais vizinhos.
- Acho melhor não... – ela disse hesitante.
- Não me custa nada, a academia de balé fica a caminho do escritório. – eu disse já abrindo a porta do carro e jogando minha pasta de couro lá dentro.
- Tudo bem. – ela disse, meio desconfortável.

Demi deu a volta pela rua e caminhou até onde estava o carro entrando, em seguida, pela porta do carona. Seguimos em silêncio quase o caminho todo. Era um silêncio desconfortável, como se fôssemos dois estranhos.  Talvez, realmente, fôssemos...

- Chegamos. – eu disse assim que estacionei em frente a academia.
- Obrigada, Joe! – ela disse sorrindo.
- Eu estava com saudades... – disse em um sussurro e com os olhos fechados.

Demi ficou sem reação e me olhou com o cenho franzido, em sinal de confusão.

- Ouvir você me chamar de Joe – eu disse, agora olhando pra ela.
- Foi um deslize... Não vai mais acontecer. – ela disse, olhando para as mãos.
- Não me importo. Por mim pode acontecer sempre. – eu disse sorrindo.
- Não pode não, Joe! – ela disse dessa vez olhando pra mim. Demi tinha os olhos marejados e os fechou com força ao perceber que tinha me chamado pelo apelido novamente fazendo, assim, com que uma lágrima caísse por seu rosto.

Antes que eu pudesse me aproximar ou dizer algo, Demi saiu do carro e correu pra dentro do prédio, me deixando sem ação, olhando para o lugar onde ela estava sentada há segundos atrás. Respirei fundo e tentei recuperar o controle de minhas mãos que tremiam. Segui para o trabalho com o coração partido em mil pedaços.

O dia passou como uma lesma que se arrasta pelo chão, tão devagar que por vezes me vi parado no tempo, lembrando-me do sonho com Demi e das poucas palavras, porém tão significativas, que trocamos hoje mais cedo.

Quando os ponteiros marcavam seis horas em ponto saí voando em direção a garagem do prédio. Tudo o que eu mais queria, era que o dia acabasse logo, alguma coisa me dizia que algo ainda ia acontecer e, pelo caminhar dos fatos em minha vida, não podia se algo bom.

Ao chegar próximo de casa, vi que minhas deduções estavam certas... Demi estava chegando em casa também e caminhava, calmamente pela calçada. Passei por ela e estacionei o carro na garagem de minha casa.

Estava prestes a entrar em casa e ignorá-la, seria o certo e o melhor a se fazer, para nós dois. Porém, algo foi mais forte que eu. Virei-me em direção a ela com o intuito de desejar boa noite, mas a expressão perplexa e a palidez de Demi ao fitar a carta que ela havia acabado de tirar da caixa dos correios e agora estava em suas mãos, me fizeram parar no meio do caminho.

- Tá tudo bem? – eu perguntei, aproximando-me da cerca branca que separava nossos jardins.

Demi levantou os olhos arregalados pra mim e engoliu em seco. A expressão dela estava me assustando. O que poderia ser? O que diabos tinha naquela carta que a estava deixando tão chocada?

- Demi? – chamei novamente e ela piscou, várias vezes, parecendo voltar a realidade.
- Eu consegui... – ela disse com a voz fraca, voltando a olhar para o envelope em suas mãos.
- Conseguiu? – perguntei, sem entender.
- Eu... Fui aceita. – ela disse, com um fio de voz.
- Aceita em que Demetria? Por favor, pode ser mais clara? – perguntei sentindo meu coração disparar.
- No Royal Ballet. – ela disse levantando os olhos pra mim. – Eu consegui!

E então a expressão de perplexidade deu lugar ao sorriso que iluminou o rosto da garota a minha frente. Como uma criança que ganha o presente que tanto queria. Um sorriso que representava uma felicidade genuína. Automaticamente, sorri junto.

- Parabéns! – eu disse, ainda com um sorriso no rosto. – Você merece!
- Obrigada! – ela disse sorrindo pra mim e foi como se uma chama se acendesse em meu coração. Uma sensação boa tomou conta de mim, a mesma do sonho de hoje cedo e, assim como no sonho, algo que passou por minha cabeça me puxou de volta a realidade.

- Espera um pouco, a Royal Ballet não fica em...
- Londres, Inglaterra. – Demi completou a minha frase e, assim como o meu, o sorriso dela também sumiu.

Meu chão desapareceu, o ar faltou e eu já não lembrava como se respirava, meu coração doía a cada batimento e senti meu corpo formigar. Era como um lembrete, de que não poderíamos ficar juntos. Como se o destino quisesse nos lembrar de que, nosso destino era bem longe um do outro.


Continua...


4 comentários:

  1. Amo o jeito q vc escreve consigo viajar e esqueço d voltar passo o resto do dia c isso na cabeça rsrsrs
    Co0mo sempre digo q estou amando mas estou triste e apreensiva loka pra saber o q vai acontecer...

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  2. Amei esse capítulo e o anterior também, já que eu não havia comentado. Estou curiosa e ao msm tempo me achando vidente por achar que sei que os dois vão ficar juntos no final... hahaha :)

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