domingo, 20 de janeiro de 2013

Capítulo 8 – Ninguém precisa saber


No dia seguinte fui ao trabalho sem ter conseguido pregar os olhos. Ashley perguntou o que eu tinha, mas não consegui dizer nada além de “Dor de cabeça”. Não consegui encará-la, olhar para ela trazia a culpa pelo que fiz de volta ao meu peito e à minha consciência. Estava completamente confuso. Ao mesmo tempo que pensava em Demi e meu coração pulsava forte no peito, olhar para Ashley fazia meu coração se apertar.


Não consegui trabalhar direito. Em parte pelo sono, que agora me dominava, em parte por Demetria, que tirava qualquer resquício de concentração que eu pudesse pensar em ter. Não era pra eu estar pensando nela. Era pra ter sido apenas uma transa. Então porque ela não saía da minha cabeça?

Ao fim do dia me sentia exausto, com a mente cansada e um sono que me deixava mais lento. Quando estava chegando próximo de onde morava, não consegui mais lutar com meus olhos e acabei cochilando ao volante. Por alguns instantes, até uma buzina estrondosa me acordar. Sorte do dia: O sinal havia fechado no instante em que cochilei e a buzina soou apenas pra me avisar que ela estava verde.

Mas como nem tudo é sorte, assim que assimilei o que acontecia, encostei o carro e passei as mãos no rosto pra tentar acordar. Quando levantei a vista para encarar a rua meus olhos a encontraram. Andando, despreocupadamente, pela calçada, rebolando aquele quadril maravilhoso e usando aquele uniforme pecaminoso. Alguém lá em cima não vai muito com a minha cara!

Liguei o carro e fui até ela. Assim que notou minha presença, Demi retirou os fones de ouvido e me olhou com um sorriso que fez meu estômago revirar. Eu estava parecendo um adolescente apaixonado... Pera! Apaixonado?

- Oi vizinho! – ela disse abraçada aos livros.
- Entra. – eu disse simplesmente.
- Nossa, o que aconteceu? – ela perguntou franzindo as sobrancelhas.
- Nada Demetria, apenas entre! – eu disse sem muita paciência e soando até meio rude.

Demi abriu a boca em “Oh!” de espanto, piscou algumas e vezes e então, recolocou os fones de ouvindo seguindo pela calçada, a pé.

- Demi! – eu chamei e ela me ignorou.

Bufei impaciente e sai do carro o mais rápido que pude. A puxei pelo braço e ela me olhou assustada, só então vi que estava apertando o braço de Demi com força demais.

- Me solta! – ela disse quase em um sussurro.
- Entra no carro – eu disse afrouxando o aperto no braço dela – Agente precisa conversar.

Demi piscou algumas vezes, antes de assenti com a cabeça e me deixar guia-la até a porta do passageiro. Eu precisava acabar com isso. Precisava explicar a ela o que ia acontecer dali em diante. Dei partida no carro e dirigi até uma praça que ficava na rua de trás de onde morávamos. Descemos do carro e por alguns minutos apenas caminhamos em silêncio.

- Está arrependido? – ela perguntou de repente.
- Não é bem essa a palavra – eu disse puxando-a pra sentar em um banco ali próximo – Culpado, seria a melhor descrição.
- Hm, entendo... – ela disse olhando para baixo.
- Não consigo encarar minha noiva, não durmo desde ontem, isso tá acabando comigo Demi. – eu disse por fim.
- Desculpa Joe, eu não queria...
- Quem deve desculpas aqui sou eu Demetria – eu disse a interrompendo – Você é só uma menina, eu não devia...
- Eu não sou SÓ uma menina! – foi a vez dela me interromper.
- Demi, você só tem 17 anos, claro que é só uma menina. – eu disse cerrando os olhos.
- Você não me obrigou a nada Joe! – ela disse meio irritada – Eu sabia o que estava fazendo e eu queria aquilo.
- Mas foi errado Demetria. – eu disse passando as mãos no cabelo – Eu sou comprometido, vou casar daqui alguns meses e você é uma menina.
- Para de repetir que eu sou uma menina! – ela gritou
- Mas é o que você é! – eu gritei em resposta.

Demi levantou bufando e caminhando em direção a nossa rua. Corri até ela e a puxei contra mim. Erro! Sentir o corpo dela próximo ao meu não era bem o que eu pretendia e isso tão pouco me ajudaria no que estava fazendo.

- Viu – eu disse soprando as palavras direto nos lábios dela – essa sua atitude só prova o quanto você é uma menina.

E então, como que para provar que eu estava errado, Demi selou nossos lábios em um beijo furioso e, ao mesmo tempo, passional. Abracei a cintura dela, puxando-a ainda mais pro meu corpo e sentindo cada centímetro dele agradecer àquela proximidade.

Eu precisava dela, mas isso era tão errado. Tudo me fazia sentir como um canalha. Iludindo uma menina de 17 anos e traindo a mulher com quem dividia a cama todas as noites. Ótimo Joseph! Você se tornou um grandessíssimo filho da puta!

Separamos o beijo, ofegantes. Demi estava de olhos fechados enquanto eu acariciava o rosto alvo e delicado dela. A palavra perfeição jamais faria jus a Demetria. Ela era mais que isso, mais que meus olhos viam, mas que palavras podiam descrever. Nesse momento uma palavra me ocorreu, fazendo cada pêlo do meu corpo arrepiar.

- Minha. – deixei escapar em um sussurro.

Demi abriu os olhos surpresa me fazendo notar o que tinha dito. Tarde demais! Não dava mais pra negar, nem pra mim! Estava envolvido. Por mais confuso, errado e cafajeste que isso soasse. Eu queria Demetria. Mas como?

- Ninguém precisa saber Joe – ela disse, como se adivinhasse meus pensamentos.
- Como? – perguntei confuso.
- Eu preciso de você e, ficou bem claro agora, que você também precisa de mim – ela disse sorrindo – Eu sei o que sinto por você, mas vejo que você não sabe ainda.
- Demi, eu amo a Ashley. – eu disse fechando os olhos com força em um modo de reafirmar esse fato a mim mesmo.
- Eu sei – ela disse sando de ombros – por enquanto.
- Demi, não quero iludir você – eu disse fazendo carinho nos ombros dela – Eu vou me casar com a Ashley.
- Não me importo em ser sua amante. – ela disse naturalmente, como se me dissesse que adorava batatas fritas.
- Amante? – eu perguntei cerrando os olhos.
- É – ela respondeu dando de ombros – Eu me contento com isso, por hora.
- Demi isso não é certo e...
- Não precisa responder agora – ela me interrompeu – Vai pra casa, pensa e quando tiver a resposta, me procura!

E piscando um olho, com um sorriso malandro no rosto ela girou nos calcanhares e caminhou em direção a nossa rua. Nem preciso dizer que fiquei ali, parado. Pensando no que ela havia me proposto. Absurdo! Eu pensava, mas logo vinha a pergunta perturbadora: Será mesmo tão absurdo assim?

Continua...

2 comentários:

  1. Demi colocando moral... Hahaha, safada. Ela e Joe são dois safados. Mas a história não deixa de ser emocionante, kk. ;)

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    1. Verdade. Essa historia por ser narrada pelo Joe deu um toque diferente. Eu to amando posta-la aqui.

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