segunda-feira, 11 de março de 2013

Querido Diário - Parte 5

O TREM

Saímos de casa praticamente correndo, entramos no carro e Joseph dirigiu a toda velocidade.
Chegamos por lá muito mais rápido do que esperávamos, não havia ninguém por lá. Mas vimos algo que nos chamou a atenção.
Uma moça jovem, alta e de cabelos pretos correndo na direção oposta. Joseph e eu entramos no carro novamente, ela havia virado a esquina, mas estava a pé e nos de carro, chegaríamos até ela com facilidade.
Viramos a esquina e para o nosso azar era uma rua comercial, esta cheia de gente e mesmo que estivéssemos vendo ela, seria fácil nossos olhos a perderem.
— Droga. — Dei um murro no painel do carro. — Vadia.
— Calma Demi, se acalme.
— Como eu vou me acalmar, ela estava aqui bem na nossa frente, e nós a perdemos. Ela estava correndo da gente, ela já deve saber que eu estou atrás dela, ela já sabe tenho certeza.
— Vamos ali tomar um café. Vem. — Ele saiu do carro e eu também, ele me conduziu até a cafeteria e sentamos em uma das mesas.
Uma moça se aproximou e perguntou:
— O que vão querer?
— Dois cafés por favor.
— Certo. — Ela riscou algo no bloquinho que carregava e saiu.
— Ela vai usar outra coisa pra continuar com isso, ela vai sim.
— Se ela fizer, a gente rastreia ela novamente, só que dessa vez ela não escapa.
—  Deveríamos chamar a policia, isso é invasão de privacidade. — Disse a ele.
— Seria um ideia se a policia daqui se mexesse para resolver casos como esse. Eles não ligam a minima.
A moça retornou trazendo o café e saiu novamente.
— Eu cansei. — Suspirei derrotada. — Só queria que isso parasse. Não sei o que eu fiz de errado pra merecer isso.
— Não fique assim. — Ele pegou a minha mão que estava em cima da mesa e segurou bem firme. — A gente consegue, eu prometo.
Claro que eu arrepiei ao seu toque, mas naquele momento senti que tinha um amigo novamente.
— Vem cá, vamos pra minha casa. — Ele se levantou ainda segurando a minha mão, pagou a conta e saímos  Voltamos, só que dessa vez fomos até a sua casa.
Fomos até seu quarto e eu tirei os sapatos e deitei na sua cama, ele fez o mesmo.
— Esta cedo ainda, depois eu te levo de volta a sua casa.
— Eu não quero ir, quero ficar aqui com você.
Ele se aproximou mais e me abraçou, colocando minha cabeça em seu peito.
— Joe.
— Fala.
— Você é meu amigo? — Perguntei o olhando.
— Claro que sou seu amigo.
— Eu sinto tanta falta de ter um amigo com quem conversar.
— Você pode fazer isso comigo e tenho certeza de que posso fazer isso com você. Mas...
— Mas...?
— Deita aqui. — Ele apontou para o outro travesseiro em sua cama, lá eu deitei ficando de frente pra ele. Apenas alguns centímetros do seu rosto. — E... se eu dissesse que quero mais que isso.
Ele acariciava o meu rosto.
Mais do que isso? Sério? Joseph é você mesmo, não esta com febre vendo coisa onde não tem?
— Mais?
— Muito mais. — Ele se aproximou ainda mais e me beijou. Eu correspondi.
Joseph foi descendo sua mão que antes estava no meu rosto pelas minhas costas. Fomos aprofundando o beijo mais e mais. Até que ele se virou, ficando completamente sobre mim. Segurou minhas pernas e se encaixou entre elas sem parar de me beijar. Meu Deus que homem. Minhas mãos subiam e desciam pelas suas costas. Já estava tirando sua camiseta quando...
— JOE ESTA EM CASA? — Sua mãe gritou do andar de baixo nos assustando.
— Ai. — Eu cai no chão e ele se levantou me ajudando a ficar de pé. Nos recompusemos e ele abriu a porta do quarto. Nos sentamos em lugares diferentes e ficamos nos olhando.
Se eu estava sem graça? Completamente. Deveria estar parecendo um pimentão de tão vermelha.
Não demorei mais que vinte minutos e fui embora. Estava claro e bom para andar. Ele me ofereceu carona, aceitaria se isso não tivesse acontecido, mas eu preferi ir a pé. Quero pensar.
Será que ele acha que ainda gosto dele? Será que ele gosta de mim, de verdade? Não sei.
Ah Joseph se sua mãe não tivesse chego o que teria acontecido? Já estou imaginando.
Cheguei em casa trinta minutos depois do ocorrido, andei tão devagar que já começava a escurecer. Tomei um banho bem rápido e me deitei.
Já posso dizer que estou sorrindo sozinha né? O que será que vai acontecer amanhã?
Ah gente se vocês soubessem o quanto eu estou feliz por isso. Sei que o dia não foi muito legal e que deu tudo errado, mas isso, esse beijo, pelo menos uma coisa deu certo.

Acordei sete horas da manhã e resolvi que não vou para escola. Quero ficar em casa hoje.
A primeira coisa que eu fiz foi abrir o laptop e olhar o tal blog, para a minha alegria não havia nada postado.
Levantei-me e fiz minha higiene matinal, desci até a cozinha e fui fazer o café da manhã. Meu celular toca. É Joseph.
— Oi.
— Demi, porque não veio?
— Indisposição.
— Quer que eu vá até ai? Acabei de sair pra rua.
— Não, que isso, não precisa se incomodar.
— Não seria um incomodo. To indo ai.
— Não Joe, que isso, mão precisa é sério.
— Já to chegando.
E não deu outra, dez minutos ele já estava tocando a campainha.
— Oi. Entra ai.
Ele entrou e foi direto pra sala, lá nos sentamos.
— Desculpe por ontem.
— Não tem problema.
— Não vai ficar nada estranho entre a gente né?
— Não, claro que não. Você quer alguma coisa? Um suco, água, refrigerante?
— Suco.
— De laranja?
— Pode ser.
— Então vem.
Me levantei e fui em direção a cozinha, abri a geladeira e de la tirei um suco natural de laranja. Distribui em dois copos e um deles entreguei a Joseph.
— Cadê seus pais? — Joseph perguntou.
— Eles saíram.
— Queria conhece-los.
— Vai por mim, não vale a pena. Total perda de tempo. Mas, mudando de assunto. Essa garota ai, ela não postou nada hoje e nem ontem, acha que aquela moça da cafeteria falou alguma coisa pra ela?
— Acho não, tenho certeza. É muito estranho ela fugir logo da gente, se ela fez isso é porque sabia que nós íamos lá.
— É, pode ser isso.
Ele tem total razão, ela sabia.
— Sabe o que a gente deveria fazer? Sair. — Joseph sugeriu.
— Sair, pra onde?
— A gente pode dar uma volta na praça e ficar por lá mesmo.
— É, o dia ta até bonito hoje.
Nós saímos e fomos até a tal praça. Não fica muito longe da minha casa, então chegamos lá bem rápido  O sol estava bem quente para uma manhã, então procuramos uma sombra no pé de uma árvore, lá nos sentamos e ficamos sentindo o vento que bagunçava nossos cabelos.
— Isso é tão bom, da uma sensação de liberdade.
Senti meu celular vibrar, um mensagem havia chego.

"Estou vendo vocês, não pense que pode fugir, não pense que pode me encontrar."

— Joe, lê isso. — Estendi para que ele pudesse ver.
— É ela?
— Acho que sim. Como ela pode ter meu telefone?
— Se ela for a sua amiga. Pode sim.
— Charlie? — Olhei a toda volta procurando por ela.
Me levantei e procurei ainda mais. Joseph também se levantou e procurou por algum sinal dela.
Meu celular vibrou pela segunda vez.

"Vocês parecem duas baratas tontas, ha ha"

— Ela ta aqui, ela ta aqui, ela esta nos vendo. Onde, onde? Joseph...
— Olha aquilo ali. — Ele apontou pra uma arvore não muito próxima. — Tem um celular com aquela moça.
— Aonde?
Avistei não muito longe de lugar onde estávamos uma moça, alta, de cabelos pretos usando um celular.
Achei, é ela, tenho certeza.
— Joseph!
Ela percebeu que nós a vimos e desatou a correr, nós estávamos bem atras dela. Dessa vez ela não escapa, dessa vez eu vou pega-la. Ela virou a primeira direita e continuamos atrás dela. Já estava virando a segunda esquina quando ela atravessou a rua. Corremos o mais rápido que pudemos. Estávamos chegando perto da linha do trem quando ela passou e e um segunda depois o trem apareceu tapando totalmente a passagem. Até o trem sair do caminho ela já estaria bem longe de nós.
Fracassamos, ela venceu mais uma vez.

CONTINUA...

6 comentários: