Ressaca. Consequências.
Sabe o que é pior do que acordar com ressaca e não lembrar de nada? Acordar com ressaca e lembrar de tudo! Sentia a minha cabeça doer e meu estômago parecia ter saído do sítio. Minha boca estava mais seca do que deserto e eu precisava de água urgentemente.
Abri os olhos e encarei o espaço à minha volta. Ainda estava no quarto de Joseph, mas ele não estava em lugar algum. Lembrei-me lentamente de cada pedaço da noite passada e quanto mais me lembrava mais me xingava. Eu era tão idiota! Porque fui fazer aquela cena ridícula de ciúmes? Porque falei tanta merda? E porque deixei que ele fosse tão longe? Porque… ele parou?
Levantei-me meio cambaleando e só aí é que vi que ainda estava só de sutiã e shorts. Como Joseph me tinha deixado foi como eu adormeci. Entrei no banheiro do quarto dele e me olhei no espelho, de frente para a pia.
_Você é tão idiota Demetria._Suspirei e encarei minha imagem no espelho.
Minha maquiagem até estava decente. Mais do que aquilo que eu esperava já que adormeci chorando depois que Joe me deixou. Porque ele me deixou afinal? Será que eu tinha feito algo errado? Será que ele tinha percebido que eu era tão pura que nem uma garotinha? Provavelmente, ele disse que procurava uma mulher. Que merda de noite!
Lavei meu rosto e lavei meus dentes com um pouco de pasta de dente que tinha lá. Parecia que ia me afogar com tanta água que eu bebi, mas era necessário. Olhei de novo no espelho e vi uma pequena marca avermelhada, pouco abaixo do meu seio direito. Um chupão. Nem me apercebi de quando Joseph o fizera. Toquei a marca cuidadosamente e fechei os olhos. Ainda podia sentir as mãos de Joseph em meu corpo, ainda podia sentir os beijos dele, a língua dele na minha e a sua respiração quente e ofegante. Abri os olhos e me olhei no espelho. O que a gente quase fez! Eu estou louca. Definitivamente!
Concertei os cabelos o melhor possível e caminhei até ao quarto novamente. Peguei minha roupas e vesti o mais rápido que consegui.
Onde Joe estava? Onde tinha dormido? Tinha dormido? Como eu ia sair desse quarto e encará-lo? O que eu ia dizer? O que ele ia dizer? Eu não queria que ele me dissesse que estava arrependido e que aquilo não devia ter acontecido! Eu queria que aquilo tivesse acontecido! Por mais louco que possa parecer, é do Joseph que estamos falando.
Eu estava sendo covarde enquanto olhava para a porta do quarto em vez de tomar uma atitude. Estava sendo covarde por ter medo de não conseguir encará-lo e de não saber o que dizer. A verdade é que aquilo quase tinha acontecido e eu sei que lá no fundo ele queria também. Ele mesmo disse que queria mais faz tempo. Não fazia sentido ele se afastar assim do nada. Havia algo entre nós. Eu sei que havia. E muito maior do que esta amizade que existe entre nós dois. O que a gente tem é muito maior do que aquilo que eu alguma vez tive com alguém.
Ouvi passos na escada e me desesperei. Era ele, eu sabia. O que ia acontecer quando ele abrisse aquele porta? Íamos discutir e nunca mais olhar um na cara do outro? Íamos fingir que nada tinha acontecido? Eu ia fingir que não lembrava de nada com medo do que ele pode dizer? Não. Não podia dizer isso. Não com o estado que eu acordei. Ele ia esperar perguntas da minha parte se eu não lembrasse realmente e provavelmente me contaria tudo o que tinha acontecido.
Olhei-me no espelho e ajeitei a roupa rapidamente. Pela primeira vez estava preocupada com o quão bem tinha que parecer à frente dele. Procurei o meu IPhone e encontrei-o em cima da mesa de cabeceira. Peguei nele e vi que estava desligado. Sem bateria.
_Demi._Arrepiei e paralisei. Agora era a hora da verdade e eu podia ter estragado tudo.
_Bom dia._Foi tudo o que consegui dizer sem me virar para olhá-lo. Fingi estar ocupada com o botão do meu short. Isso sempre funcionava.
_Você lembra._Aquilo não era uma pergunta, era uma afirmação. Senti meu corpo estremecer ao lembrar-me mais uma vez do que quase acontecera._Olha pra mim Dem.
Eu não podia olhá-lo. Com que cara eu ia olhá-lo? Fingi estar ainda ocupada com o botão do short e senti que ele se aproximava rapidamente. Suas mãos agarraram-me pelos ombros e viraram-me de frente pra ele. Ele segurou meu rosto e forçou-me a olhá-lo nos olhos. Seus olhos cor de mel brilhavam tanto como na noite anterior. Seu rosto estava sereno apesar da tensão em suas palavras. Eu queria desviar o olhar, não queria ter que ver aqueles olhos brilhando com a mesma intensidade da noite passada. Com a mesma luxuria e paixão que vi anteriormente. Ele me desejava? Porque havia tantas perguntas sem resposta?
_Eu quero entender, mas ao mesmo tempo tenho medo das respostas Joe._Murmurei sem desviar o olhar do dele.
Vi-o encarar-me atentamente e senti que ele se aproximava cada vez mais. Roçou nossos lábios e finalmente os encaixou nos meus. Ele me beijou. Sóbria, consciente e confusa, mas ele me beijou. Correspondi de imediato e levei minhas mãos aos seus braços, apertando levemente. Joseph segurava meu rosto firmemente, sem me machucar, e me beijava com urgência. Parecia desesperado com algo. Parecia que ia perder algo. Foi quando me apercebi de que eu podia perder algo também. Podia perdê-lo. Levei minhas mãos à sua nuca e puxei-o para mais perto de mim enquanto ele descia as mãos por minhas costas e me apertava contra ele.
_Isto é errado pequena._Disse quando separamos os lábios. Em seguida encostou a testa na minha e deu-me um selinho demorado._É muito errado._Falou agora me abraçando com força. Mantive-me com os olhos fechados e deixava que ele fizesse o que ele bem intendesse. Eu era dele… de novo._Mas eu não consigo evitar… e isso… está me deixando louco Demetria._Confessou antes de voltar a me beijar.
Eu queria ficar assim para sempre, agarrada a ele sem pensar no certo e no errado. Não queria pensar nas consequências. Não queria pensar no que viria depois. Beijei-o com todo o desejo que havia em mim e quando me dei conta, já estávamos na cama de novo. Nós não conseguíamos parar. Ele se achava o dono do meu corpo e tratava-me como se fosse sua. Era carinhoso e cuidadoso, mas ao mesmo tempo era desesperado, urgente e ardente.
_Hum… Dem..._Disse entre selinhos. Saiu de cima de mim e deitou-se ao meu lado, de frente pra mim. Virei-me de frente pra ele e encarei aqueles olhos cor de mel._A gente não pode continuar com… isso._Sussurrou como se estivesse a lidar com algo frágil que a qualquer momento poderia se quebrar._O que aconteceu na noite passada…
_Temos que falar agora?_Perguntei acariciando seus cabelos negros. Não sabia o que vinha depois dessa conversa. Estava com medo.
_Não pode fugir pequena._Avisou me envolvendo pela cintura.
_Eu sei. Eu só…
_Não sabe o que sente?_Tentou adivinhar. Neguei prontamente. Eu sei o que sinto por ele, tenho a certeza disso, só não sei se é o certo.
_Eu sei o que sinto. Só estou confusa de mais para achar se é certo ou errado. Nós sempre fomos melhores amigos e…_Suspirei antes de continuar e desviei o olhar para seus lábios._ás vezes acho que estou ficando maluca. São demasiadas perguntas sem resposta.
_Vamos fazer um acordo?
_Que acordo?_Joseph estava sorrindo e eu estava confusa. O quer que ele estivesse pensando, seria louco.
_Vamos deixar esta conversa para quando estivermos prontos. Claramente, você não está pronta para tê-la agora e… bem… eu muito menos._Disse me fazendo arregalar os olhos. Como assim deixar pra depois? Joseph inclinou-se sobre mim e me deu um selinho, em seguida acariciou meu rosto enquanto sorria._Vamos viver pelo impulso. Vamos ser nós mesmos e vamos agir como o nosso coração pede. Vamos deixar de pensar. Vamos ser irracionais.
_Mas o coração pode ser confuso._Falei. Aquela ideia parecia loucura, mas era claramente melhor do que enfrentar e verdade neste momento.
_O coração nunca é confuso Demetria, nossa cabeça é.
3 meses depois.
Dezembro é o meu mês favorito do ano inteiro. Não só tem o natal e o ano novo como também tem o meu aniversário. Não é como se eu desse muita atenção a isso, na verdade nunca dei atenção ao celebrar da data. Aniversário não era a melhor da notícias pra mim, não num certo ponto de vista. Quando se é pequeno, você quer fazer coisas de adultos, mas quando cresce, você fica com medo de ser adulto. Ser maior de idade é sinónimo de ficar livre, ficar fora das asas de seus pais, mas ao se tornar adulto, ganha responsabilidades. E como você vai lidar com as responsabilidades? Você é um adulto agora, resolva você mesmo! É isso que nos respondem fazendo com que entremos em desespero até encontrar uma solução para o problema.
_Princesa levanta!_Esse era o meu despertador humano, Joseph. Ele não perdia essa mania de me acordar e me ver no estado mais horrendo possível.
_Está frio! Não quero levantar._Resmunguei enrolando o cobertor até ao pescoço. Vi-o suspirar com as mãos na cintura e sorri. Joseph tirou os All Star e eu encarei-o confusa. O que ele estava fazendo?
_Se você está com frio, eu te esquento._Dito isso levantou o cobertor e se enfiou debaixo dele se deitando juntinho a mim.
_Você está com roupa de rua, vai amarrotar tudo._Falei olhando sua camisa. Ia mesmo ficar amarrotada.
_Quer que eu tire?_Perguntou beijando o meu pescoço enquanto suas mãos apertavam meu quadril. Ri da safadeza dele e acariciei sua nuca.
_Nem tente. Ian está em casa e mamãe deverá chegar logo logo.
_Tudo bem, mas eu disse que te esquentaria e… era uma promessa._Sussurrou me fazendo arrepiar e sorrir enquanto mordiscava sua orelha. Joseph inclinou seu corpo sobre o meu e fez um caminho de beijos da curva do pescoço até meus lábios._É claro que ia ter frio._Falou quando sua mão desceu para minha coxa desnuda._Regata e calcinha não é melhor combinação para o inverno.
_Tem certeza que não é?_Perguntei erguendo a sobrancelha quando ele me olhou. Senti-o apertar minha coxa com força e mordi o lábio inferior.
_Sabe, agora que você perguntou até pode ser bom sim._Falou rindo e finalmente me beijando.
Como todas as vezes que a gente se beija, Joe me pegou de jeito. Suas mãos firmes agarravam-me possessivamente e cada vez que ele apertava um pedaço parecia que eu ia incendiar. Nesses três meses eu não consegui entender como era possível que meu corpo respondesse ao dele tão rápido. Era automático e ele sabia.
_DEMI!
_Merda! É o Ian!_Falei separando o beijo rapidamente._O que você ainda está fazendo deitado na minha cama debaixo da coberta?_Perguntei empurrando-o enquanto o infeliz ria do meu ataque. Aquele homem era uma besta. Não movia nem um centímetro. Haja mulher para aguentar seu corpo durante o sexo!
_Oi maninha, oi Joseph._Cumprimentou Ian encostado no batente da porta com um sorriso cínico._Estou vendo que isso é um bom “bom dia”.
_Aff, diz logo o que você quer!_Disse revirando os olhos e me sentando na cama. Joseph ainda estava deitado e sua mão agora brincava com a minha.
_Quero saber o que vai fazer hoje._Falou como se fosse óbvio.
_Acho que vou ficar nesta cama o dia inteiro. Está muito frio na rua pra sair. E eu estou com preguiça mesmo._Falei agora rindo._Estou de férias! Posso dormir mais!
_Demetria, que dia é hoje?_Perguntou Joseph descontraidamente como se a cama e o quarto fossem dele.
_18, porquê?_Perguntei sem entender.
_Olha só, você é mesmo lerda ou só se faz, hein?_Perguntou Ian indignado.
_Eu não sou lerda, só não entendo porque os dois acordaram tão cedo quando estamos de férias. Ainda por cima me acordaram também._Falei lançando um olhar mortal a Joseph.
_Que eu saiba você gostou de ser acordada._Defendeu-se sorrindo malicioso. Alguém me ajuda? Meu irmão estava na porta!
_Demetria, você ainda tem cura. Eu te apoio como bom irmão que sou e te mando para uma clínica psiquiátrica.
_Ian, o único maluco que eu vejo aqui é você.
_Demetria, sua lerda, hoje é seu aniversário!_Gritou me fazendo tomar um susto. Deus, eu esqueci que era hoje. Disfarça!
_Err eu sabia._Falei forçando um sorriso.
_Claro que sabia._Falou Joseph completamente irónico Vontade de matar ele._Só você mesmo pra esquecer seu aniversário.
_Parabéns minha lerda!_Gritou Ian saltando em cima de Joe e me abraçando com força.
_Cara, você pesa. Dá pra sair de cima?_Resmungou Joseph enquanto tentava tirar as pernas de Ian de cima dele.
_Oh Joey, eu também te amo. Me dá um beijo?_Brincou Ian fazendo biquinho e som de beijo. Gargalhei da cara de assustado do Joe e vi que Ian ria também.
_Cara isso foi tão gay._Falou Joe acabando por rir também.
_A Nina não pode saber disso. Está entendendo?_Falou apontando o dedo na minha cara._Aliás, você vem no quarto da minha irmã, beija-a, deita na cama com ela, beija-a de novo e ainda espera que eu saia de cima? Mas não mesmo.
_Ian, você não é o papai._Falei revirando os olhos.
_Eu sei, mas ele não está aqui pra colocar limites, alguém tem de o fazer._Disse sério. Beijou minha testa e saiu da cama._Apenas tome bem conta dela, ta bom?_Encarou Joseph e este sorriu em resposta, apertando mais minha mão.
_Vou cuidar Ian. Sempre._Disse agora olhando pra mim.
_Ótimo agora conte pra ela os planos de hoje. Parabéns mana._Falou sorrindo antes de sair em quarto e fechar a porta.
_Planos? Que planos Joseph?
_Sabe, não é todos os dias que se faz dezassete anos._Disse se sentando e me puxando para seu colo, me deixando de frente pra ele.
_E?_Eu já estava impaciente. Custava muito falar tudo de uma vez?
_Você merece uma grande festa, como uma princesa deve ter._Disse me fazendo rir.
_Minha vida não é um conto de fadas Joseph.
_Mas você é uma princesa._Disse sorrindo._Seu pai não está na cidade e sua mãe teve que viajar por causa do trabalho, certo?
_Sim, ela falou que voltaria hoje._Falei confusa. Onde ele estava querendo chegar?
_Bem, sua mãe ligou para Ian, parece que ela não vai poder chegar hoje. Um nevão fez com que todos os aeroportos fossem fechados e os voos cancelados.
_Isso quer dizer que ela não virá hoje?_Não esperava que ela ficasse fora da cidade no dia do meu aniversário. Desapontamento? Algum, mas não era culpa dela.
_Não._Ele me olhava atentamente. O que ele esperava? Que eu começasse ali a chorar que nem uma condenada?_Escuta, eu falei com Ian sobre essa ideia de fazer uma festa pra você. Ele falou com sua mãe e ela confiou na gente para organizar tudo. Sem álcool e sem sexo._Tudo o que eu fiz depois do que ele disse, foi rir.
_Na gente quem? Você e Ian?_Perguntei. Ri quando o vi assentir._Sem álcool ou sexo? Impossível.
_Hey! É possível sim!_Falou indignado.
_Joseph, é uma festa de adolescentes. Sem álcool não é festa.
_É por isso que Ian ficou de tomar conta das bebidas e comida enquanto eu me arranjo com a música e de convidar o pessoal.
_Hum, parece-me bem. E o que eu vou fazer? Em que posso ajudar?_Perguntei tentando me levantar. Joe segurou-me pelos quadris e manteve-se presa contra ele, ainda sentada sobre seu colo.
_Você não vai fazer nada a não ser passar o dia com Miley e Sophie. Miley está te esperando na casa dela para fazerem aquelas coisas de garotas que eu nunca vou entender.
_Você gostava de entender?
_Não mesmo!_Respondeu rapidamente._Agora vamos! Hora de levantar que eu vou te levar a casa dela antes de ir a um lugar.
_Que lugar?_Curiosa? Nem um pouco!
_Vou buscar seu presente de aniversário.
_O que é?_Perguntei já com os olhos brilhando.
_Mas nem pensar que eu te vou dizer._Falou rindo enquanto puxava meu rosto para perto do dele.
_Nem se eu te seduzir?_Perguntei maliciosa. Rocei meus lábios nos dele e mordi-os levemente.
_Nem isso._Falou me beijando._Parabéns pequena._Disse encostando sua testa na minha e entrelaçando nossos dedos. Este estava sendo o melhor aniversário de sempre.
Awww, que gracinha esses dois! Capítulo magnífico! :)
ResponderExcluirEles são lindos;
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