Coloquem essa música pra carregar e soltem ao meu sinal! :D
***
Era a milésima vez que eu conferia a hora no relógio pendurado na parede da cozinha. A hora parecia não passar e desde a última vez que eu havia olhado para aqueles ponteiros, parecia que eles não haviam se mexido.
Ainda faltavam pouco mais de dez minutos para a meia noite e eu podia sentir o nervosismo se instalar por todo o meu corpo. E se ela não estivesse lá? E se ela não quisesse mais me ver? Demi tinha esse direito, ela não precisava se machucar mais, só que eu precisava dela e essa necessidade bloqueava qualquer raciocínio lógico que eu pudesse ter.
Eu estava sendo a pior pessoa do mundo, eu sabia disso. Deixar minha esposa, grávida, dormindo em nosso quarto enquanto corro pra me encontrar com uma garota de oito anos mais nova que eu, não é algo muito bom de fazer. Mais esse sentimento é mais forte que eu e qualquer noção de bom e ruim, certo e errado...
A aliança brilhava em meu dedo, na mão que segurava o copo com água pela metade, e me fazia lembrar que eu estava preso àquela vida, eu viveria aquilo pra sempre e não podia arrastar Demi pra isso, ela tinha todo um caminho brilhante pela frente e merecia ser feliz. Esse pensamento quase me fez desistir de encontrá-la, mas ao olhar para o relógio e vê-lo marcar meia noite e cinco meu coração pulou e minhas pernas tremerem. Eu precisava dela.
Levantei e coloquei o copo na pia, apoiei minhas mãos na mesma e respirei fundo algumas vezes, tentando mandar a mensagem certa para que meu cérebro desse a ordem pra que minhas pernas se movessem e meu coração entrasse em compasso. Impossível.
Com muito esforço consegui caminhar até a porta e de lá até o carro, eu tinha planos pra essa noite, montados de última hora, mas eu queria e precisava que dessem certo. Não olhei pra varanda da casa dos Lovato até parar ali em frente. Como se tudo acontecesse em câmera lenta, virei meu pescoço na direção onde ela deveria estar. Deveria... Mas não estava.
Eu devia saber, ela não queria mais sofrer e eu não tirava a razão dela, na verdade até entendia. Passei as mãos pelos cabelos e fitei, sem realmente olhar, o volante por alguns minutos. Perdidos em pensamentos e em culpas. Como eu queria que tudo estivesse diferente entre nós...
Respirei fundo e levei a mão até a chave que estava na ignição, mas antes de girar e dar partida no carro, o barulho de porta batendo chamou minha atenção, fazendo com que eu virasse o pescoço rapidamente na direção do som.
Demi estava parada de pé na varanda, com os braços abraçando o corpo, ainda com a mesma roupa do jantar, apenas sem os saltos que deram lugar a uma sapatilha simples. Como sempre, linda! Mas ela não se movia, apenas me fitava, eu queria sair do carro e correr até ela, mas tinha medo que qualquer movimento a fizesse correr de volta pra casa. Preferi ficar apenas sustentando o olhar.
Depois de um tempo, Demi olhou pra baixo e vi o movimento de seu corpo para encher os pulmões de ar e soltá-lo depois. Em passos lentos, ela começou a se aproximar do carro.
- Oi. – ela disse com a voz fraca quando já estava parada na janela do meu lado.
- Oi. – eu respondi sem esconder o sorriso. – Entra.
Ao contrário do que pensei, ela não hesitou. Deu a volta pela frente do carro, abriu a porta, sentou no banco do carona e colocou o cinto.
- Pra onde vamos? - ela perguntou sem me olhar.
- Surpresa. – eu disse ainda com o sorriso mais bobo dançando em meus lábios. – Acho que você vai gostar.
Dito isso, dei partida no carro e segui para o nosso destino. Não conversamos durante o caminho, mas isso não me incomodou. Eu estava tão radiante por tê-la ali, ao meu lado, de novo que não conseguia parar de sorrir.
Não demoramos muito pra chegar em frente a um prédio branco com seis andares. Depois de falar com o porteiro estacionei na garagem destinada ao apartamento para onde iríamos. Demi não perguntava nada, então decidi contar por conta própria porque estávamos ali.
- É o apartamento do meu irmão mais novo, Nick. – eu disse enquanto caminhávamos até o elevador. – Ele deixou as chaves comigo, enquanto viaja.
- E ele não vai se importar por você me trazer aqui? – ela perguntou olhando pra mim rapidamente, parecia que ela não conseguia me encarar.
- Bom... Primeiro ele não vai saber. – eu disse rindo de travesso. – Segundo, mesmo que soubesse, tenho certeza que não se importaria. Ele sabe.
- Sabe o que? – ela perguntou em tom mais alto e com os olhos arregalados voltamos para os meus.
- Que eu amo você e que só casei com a Ashley pelo bebê. – eu disse dando de ombros, mas a olhando nos olhos, eu não queria perder esse contato visual.
Demi ia dizer algo, mas o elevador chagou no nosso andar e eu a puxei para fora, encaminhando-a até a porta no fim do corredor.
- Não liga se estiver algo bagunçado, eu não vim aqui ainda, depois que ele viajou. – eu disse enquanto acendia a luz da sala.
- Parece que está tudo no lugar. – ela disse enquanto passeava pela sala e corria os dedos pelos móveis claros que adornavam o cômodo.
- Hm, quem diria... Meu irmão é mais organizado do que eu lembrava. – eu disse enquanto seguia para a cozinha. – Quer comer algo, beber alguma coisa?
- Não, eu tô bem. Obrigada. – ela disse entrando na cozinha e se apoiando no balcão atrás de mim.
Virei-me pra ela segurando um copo com suco de laranja nas mãos. Encaramo-nos por algum tempo, a tensão entre nós era tão intensa que poderia ser palpável. Deixei o copo, em cima do balcão e caminhei lentamente até ela que apenas me seguia com o olhar.
Estávamos a um passo de distância um do outro e eu podia sentir a eletricidade percorrer meu corpo e passar para o dela e depois fazer o caminho de volta. Levei minha mão ao rosto dela e assim que meu tato sentiu a maciez da pele clara de Demi, essa eletricidade pareceu percorrer nossos corpos com mais velocidade e intensidade.
Demi fechou os olhos e suspirou deixando os lábios entreabertos, meu olhos logo desceram até eles e os encarei com o desejo estampando em meus olhos. Não havia nada no mundo que eu quisesse mais do que beijá-la. E então, guiado por todo esse turbilhão de sentimentos, dei o passo que faltava para que nossos corpos se colassem, Demi abriu os olhos em sinal de espanto, mas logo os fechou novamente, quando nossos lábios se encontraram.
Todo esse tempo, todos esses meses e o gosto dela ainda permanecia intacto em minha memória. Era como eu lembrava, só que melhor. Melhor, pois eu estava sentindo, apreciando e saboreando cada dançar de línguas, cada suspiro de entrega, cada toque da mão macia dela em meus braços e nuca.
Era como ouvir aquela música que você sempre amou, mas ficou sem escutar por muito tempo. Era como rever aquele filme que te fazia esquecer-se do tempo, mas que há muito tempo não passava mais na TV. Era como estar de volta aos braços de quem se ama.
Rodeei meus braços cintura dela e a puxei para cima. Demi, acho que por costume ou instinto, laçou as pernas em minha cintura, fazendo nossos corpos ficarem ainda mais próximos. Eu podia sentir o ar tornar-se mais denso e nossas respirações precisarem se acelerar pra suprir o ar que nossos pulmões precisavam.
Caminhei com dificuldade, por estar de olhos fechados, com Demi no colo até o quarto mais próximo. Prensei o corpo de Demi contra a porta fechada, já do lado de dentro. Ela se ocupou em puxar minha camisa pra cima e enquanto em apertava as coxas dela por baixo do vestido.
Eu estava beijando o pescoço dela quando a senti repousar as mãos de leve em meu peito e me empurrar para trás. A encarei confuso, ela estava de olhos fechados com uma expressão de dor no rosto. Seu peito subia e descia rápido e ela perecia tentar falar algo, e eu tinha medo do que seria.
- Não podemos Joe... – ela disse com a respiração entrecortada e a voz falha.
Não respondi nada, apenas a coloquei de pé novamente e respirei fundo, tentando recuperar a capacidade de pensar.
- Desculpa, mas eu não posso transar com você agora e ir embora daqui a algumas horas. – ela disse e, agora algumas lágrimas rolavam pelo rosto dela. – Eu não quero lembrar de nós dois como algo puramente carnal, entende?!
- Claro... – disse ainda com dificuldade. – Você está certa.
(n/a: ponham a música pra tocar amores!)
Demi então me abraçou e começou a fungar baixinho contra meu peito descoberto.
- Eu queria estar errada, Joe... – ela disse entre soluços. – Queria poder dizer que tudo vai ficar bem e que vamos ficar juntos, mas...
- Mas não depende de você. – eu disse engolindo um bolo que se formava em minha garganta. – Não foi sua culpa, não foi nossa culpa. O destino quis pregar essa peça na gente.
- O destino é sádico, gosta de fazer as pessoas sofrerem. – ela disse ainda encolhida em meus braços.
- Vem aqui... – eu disse puxando-a delicadamente até a cama. – Deita comigo?
When I look into your eyes
(Quando olho em seus olhos)
It's like watching the night sky
(É como observer o céu de noite)
Or a beautiful Sunrise
(Ou um belo amanhecer)
There's so much they hold
(Eles carregam tanta coisa)
Demi maneou a cabeça em afirmação e nos acomodamos na cama. Eu a abracei por trás e ela abraçou meus braços contra seu peito. Era a melhor coisa do mundo tê-la perto de mim assim, eu poderia morrer nesse momento, não me importaria.
- Porque tem que ser assim? – eu perguntei sussurrando com os lábios colados ao pé do ouvido dela.
- Eu não sei... – ela respondeu em mesmo tom.
And just like them old stars
(E como as estrelas antigas)
I see that you've come so far
(Vejo que você evoluiu muito)
To be right where you are
(Para estar be monde você está)
How old is your soul?
(Qual a idade da sua alma?)
Ficamos em silêncio, apenas curtindo a presença um do outro, aproveitando o carinho, os beijos trocados de vez em quando, apenas aproveitando o momento que, pra mim, poderia ser eterno.
- Tenho que te devolver. – eu disse meio relutante.
Demi moveu-se em meus braços e virou de frente pra mim. Olhou em meus olhos intensamente, como se escolhesse as palavras certas para serem ditas.
I won't give up on us
(Não desistirei de nós)
Even if the skies get rough
(Ainda que os céus fiquem violentos)
I'm giving you all my love
(Estou lhe dando todo o meu amor)
I'm still looking up
(Ainda olho pra cima)
- Joe - ela chamou.
- Oi, meu amor. – eu respondi enquanto desenhava com o dedo indicador o contorno do rosto, milimetricamente perfeito, dela.
- Foge comigo. – ela disse ainda me olhando intensamente.
And when you're needing your space
(E quando precisar do seu espaço)
To do some navigating
(Para navegar um pouco)
I'll be here patiently waiting
(Esperarei pacientemente)
To see what you find
(Para ver o que você descobrirá)
- Como? – perguntei, franzindo o cenho, sem entender.
- Larga tudo por mim que eu largo tudo por você. – ela disse sustentando o olhar. Ela não estava brincando.
- Demi, não faz assim... – eu disse fechando os olhos e retorcendo meu rosto em expressão de dor. – Você sabe que eu não posso... Você não pode.
- Podemos sim, se quisermos. – ela disse já com os olhos marejados. – Não quero ir embora, não quero ficar longe de você...
Cause even the stars, they burn
(Porque até as estrelas queimam)
Some even fall to the earth
(Algumas também caem sobre a terra)
We got a lot to learn
(Temos muito a aprender)
God knows we're worth it
(Deus sabe que somos dignos)
No I won't give up
(Não, eu não desistirei)
- Eu não posso deixar você cometer a loucura de não ir atrás do seu sonho... – eu disse acariciando os cabelos sedosos dela. – Eu não posso te oferecer nada, meu amor. Eu tenho um filho a caminho, estou condenado em um casamento fadado ao fracasso...
- Joe...
- Shiii – eu a interrompi com selinhos estalados. – Você vai estudar na melhor escola de balé do mundo, vai ser a melhor de todas as bailarinas da história e vai ser muito feliz...
Tanto eu quanto Demi já chorávamos, esse era o momento que tanto adiei desde que Demi recebeu a carta. Era a despedia.
I don't wanna be someone who walks away so easily
(Não quero ser alguém que vai embora facilmente)
I'm here to stay and make the difference that I can make
(Estou aqui para ficar e fazer a diferença que posso fazer)
Our differences they do a lot to teach us how to use
(Nossas diferenças, elas fazem muito nos ensinando a usar)
The tools and gifts we've got yeah we got a lot at stake
(As ferramentas e os dons que temos, sim, há muito em jogo)
- Daqui a algum tempo – continuei – Você nem se lembrará de mim... - Demi negou com a cabeça e me abraçou forte.
- Jamais me esquecerei de você, Joe... Jamais meu amor – ela disse e então foi minha vez de abraçá-la com mais força, era a primeira vez que ela me chamava de “meu amor” e eu queria poder gravar isso em minha memória pra sempre.
And in the end, you're still my friend
(E no fim, você ainda é minha amiga,)
At least we didn't intend
(Pelo menos não tivemos a intenção)
For us to work we didn't break, we didn't burn
(Para funcionarmos, não quebramos, não queimamos)
We had to learn how to bend without the world caving in
(Tivemos de aprender a ceder sem ceder à pressão do mundo)
I had to learn what I've got, and what I'm not
(Tive que aprender o que tenho e o que não sou)
And who I am
(E quem sou)
- Eu amo você, meu amor... Amarei pra sempre! – eu disse entre soluços.
- Eu também amo você, meu amor e eu vou voltar pra você. – ela disse e puxou meu rosto para que olhasse nos olhos dela. – Não vou desistir de nós dois. Nunca!
Selamos nossos lábios o mais intenso que conseguimos. Era o último beijo. A última vez que a sentiria tão próxima de mim. Eu me lembraria desse momento para sempre.
I won't give up on us
(Não desistirei de nós)
Even if the skies get rough
(Mesmo se os céus ficarem violentos)
I'm giving you all my love
(Estou te dando todo meu amor)
I'm still looking up
(Ainda olho para cima)
I'm still looking up
(Ainda olho para cima)
Depois de mais algum tempo levantamos, relutantes, e então deixei Demi em casa. Não falamos nada durante o caminho de volta, estávamos imersos em nossas angústias e medos. Tudo seria incerto dali pra frente. Por mais que Demi dissesse que voltaria, nada garantia que os sentimentos dela seriam os mesmos, que nós seríamos os mesmos.
I won't give up on us
(Não desistirei de nós)
God knows I'm tough, he knows
(Deus sabe que sou forte, ele sabe)
We got a lot to learn
(Temos muito a aprender)
God knows we're worth it
(Deus sabe que somos dignos)
Não dormi durante o resto da noite e quando o sol começou a aparecer, caminhei até a varanda da minha casa. Demi partiu às seis da manhã e, antes de entrar no carro, nossos olhos se encontraram, pela última vez.
I won't give up on us
(Não desistirei de nós)
Even if the skies get rough
(Mesmo se os céus ficarem violentos)
I'm giving you all my love
(Estou te dando todo meu amor)
I'm still looking up
(Ainda olho para cima)
Continua...
Créditos ao blog: http://jemimylife.blogspot.com.br
Que triste...
ResponderExcluiré..
ExcluirChorei ainda mais com I want give up chorei
ResponderExcluirai, eu tbm chorei.
ExcluirAi meu Deus!!! Que triste. Quase q eu choro aqui. Cada vez de eu lei um capítulo, é como se... Eu sentisse td o q a Demi sentia. Ñ sei pq. Mas é cm se eu sentisse todos as emoções q ela sentia!!!
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