domingo, 17 de fevereiro de 2013

Capítulo 31 - Now I'm Speechless Over The Edge I'm Just Breathless...

O som estridente do despertador me acordou para mais um dia. Uma segunda-feira, para ser mais exato. O clima estava chuvoso, o que só aumentou minha preguiça e levou minha vontade de levantar da cama para bem longe.

Hoje podia ser um dia normal para as outras pessoas, mas, para mim, era uma data importante, hoje eu estava completando 29 anos de vida, é... Quase 30. Ao contrário dos outros, eu não tinha medo dessa idade, para mim era só um número. O que importa é quem você é por dentro e, nisso, eu posso garantir, tenho bem menos que minha identidade denunciava.

Sem ter outra escolha, levantei da cama e caminhei a passos arrastados até o banheiro. Mirei meu rosto no espelho do banheiro e não notei nada de diferente. Isso era tão patético, em um dia nós tínhamos uma idade e aí você acorda e pronto, está um ano mais velho. Ridículo.

- Bom dia, Demi! – exclamei para a foto que estava de volta ao espelho. Desde que terminei com Mandy, para ser mais específico. E sim, eu era louco e estava falando com uma foto. Deve ser a idade...

Fazia dois anos que eu não a via, dois anos desde o nosso último contato e a única coisa que eu pensava, noite e dia, era: “Porque tudo teve que ser assim?” Eddie e Denise passavam pouco tempo em casa e nos víamos raramente, mantendo apenas o contato entre bons vizinhos. Notícias dela? Nenhuma.

Depois de um demorado banho, arrumei-me, calmamente, para o trabalho. Hoje me daria um presente, tomaria café na Starbucks. Saí de casa e senti o frio cortante que fazia do lado de fora. Corri até meu carro, para estar logo no conforto do meu aquecedor.

Entrei na cafeteria e pedi um capuccino com alguns coockies. Enquanto esperava meu pedido, fui premiado com uma companhia inesperada.

- Oi, Joe. – Ashley disse, sorrindo e segurando a mão de uma linda menina.
- Oi, Ash. – eu disse, meio surpreso. Fazia muito tempo que não a via.
- Eu não quero incomodar, mas hoje é seu aniversário e eu te vi aqui e, bom...  Vim apenas te dar parabéns. – ela disse, meio sem jeito.
- Nossa! Você lembrou... Bom, obrigado! – eu disse sorrindo. – Quer sentar?
- Ah, não... Eu só vim comprar meu café e da Lisa, já estou de saída. – ela disse, passando as mãos no cabelo, em sinal de nervosismo.
- Sua filha é linda. – eu disse verdadeiramente, olhando para a menininha de cabelos claros e olhos verdes.
- Obrigada. Ela tem sido tudo para mim. – ela disse de modo comovido.
- Em pensar que você não queria ter filhos... – eu disse de modo nostálgico.
- Eu era uma grande idiota! – ela disse fazendo uma careta de reprovação.

Um momento de silêncio se seguiu. Ashley abria a boca algumas vezes, como se pensasse em dizer algo, mas perdia a coragem no meio do caminho. Decidi encorajá-la.

- Diz... – eu disse, bebericando meu café, que havia acabado de chegar.
- Er... Eu não tenho certeza se devo, ou posso fazer essa pergunta... – ela disse incerta.
- Você só saberá se tentar. – eu disse, erguendo as sobrancelhas.
- Bom, você e a Demi... É, ainda estão juntos? – ela perguntou, mordendo o lábio inferior ao terminar.
- Não. – respondi simplesmente e Ashley abriu a boca em forma de “Oh!” em reação a minha resposta.
- Desculpa, Joe. Eu estraguei a sua vida... – ela disse, com o olhar triste.
- Tá tudo bem. É passado... – eu disse, maneando a cabeça em negação.
- Você é especial, Joe. – ela disse sorrindo verdadeiramente. – Tem um coração de ouro e merece ser muito feliz!
- Obrigado, de verdade! – eu disse sorrindo sinceramente.
- Foi bom rever você. – ela disse e se despediu de mim com um aceno.

Fiquei pensando nesse reencontro, tão inesperado e pensei em tudo o que passei em minha vida. Muita coisa mudou desde que me mudei para aquela casa. Mais de quatro anos depois, jamais imaginaria estar aqui. Sócio de uma das empresas mais importantes dos Estados Unidos e, mesmo assim, morando na mesma casa.

Muitos me perguntavam o por  quê de ainda morar ali, de não ter me mudado para uma casa maior e em um bairro mais luxuoso. A resposta: Eu simplesmente não conseguia. Eram muitas lembranças, muitos momentos vividos ali para serem deixados para trás. Sem contar o fio de esperança que ainda percorria meu corpo, toda a vez que olhava para a casa ao lado, ou passava pela sala de balé, que há muito não era aberta.

Saí da Starbucks e dirigi até o escritório. Para a minha surpresa, Alice e os demais funcionários me esperavam com um bolo e alguns petiscos. Uma espécie de aniversário surpresa.

- Alice, que isso? Não precisava... – eu disse, enquanto recebia um abraço caloroso dela e um embrulho pequeno e retangular em minhas mãos.
- Claro que precisava! Graças a você essa empresa é o que é hoje! – ela disse sorrindo. – E além de um funcionário exemplar é um amigo muito estimado!
- Obrigado. Você também é uma grande amiga. – eu disse sorrindo.
- Vamos! Abra logo o presente. – ela disse, animada.
- Ok... – respondi e abri o embrulho em minhas mãos, revelando uma linda caneta dourada com um pequeno cristal cravejado em seu prendedor. – É linda! Nossa... Você realmente me conhece!
- Claro que sim e sei que essa caneta ainda assinará vários contratos importantes. – ela disse e passou as mãos em meus braços em uma carinho amigável.
- Deus te ouça! – eu disse e sorri.

Depois de comermos e conversamos um pouco, voltamos ao trabalho. Durante o dia, recebi várias ligações que me deixaram muito felizes. Minha mãe, meu pai, Nick e até Kevin me desejaram parabéns.

O dia de trabalho foi tranquilo e quando a tarde caiu já estava a caminho de casa. O trânsito, típico desse horário, não conseguiu tirar a alegria de dentro de mim. Muitos dizem que depois de um tempo, não e mais a mesma coisa comemorar aniversários, e eu até concordo, mas ter a sensação que, pelo menos em um dia do ano as pessoas se lembram de você e se importam em te ligar apenas para dizer parabéns, é muito gratificante.

Já passavam das sete quando, finalmente, consegui chegar em casa. Estacionei o carro e caminhei em direção a porta, mas o carro dos Lovato parando em frente a casa deles me chamou atenção. Decidi parar para cumprimentar.

Eddie saiu do carro e logo em seguida, do lado do carona, Dianna também surgiu, sorrindo. E então, a porta traseira do lado do motorista se abre e de lá surgi o mais belo e mais inesperado presente.

- Demi? – indaguei em um misto de surpresa e felicidade.

Ela sorriu para mim e foi como se meu mundo girasse e o chão sumisse em baixo dos meus pés. Ela estava mesmo de volta? Ou era um sonho, como tantos outros que já tive?

- Minha princesa voltou, Joe! – Eddie respondeu minha pergunta, sem nem ao menos saber.
- Ela não está linda? – Dianna perguntou enquanto acariciava os cabelos da filha.

Eu não conseguia formular uma resposta. Eu mal conseguia me mover! Tinha os olhos vidrados no dela que me encaram do mesmo modo.

- Quanto tempo, não é mesmo, vizinho? – ela disse com aquele tom sexy que eu adorava e que fazia cada pelo do meu corpo se arrepiar.

E então, por um instante, tudo pareceu voltar ao normal. Como se nada tivesse, realmente, mudado. Ela estava ali. Eu estava ali. E tudo agora parecia fazer sentido.

Continua...

2 comentários: