segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Capítulo 21 - So Far Away From Where You Are


Coloquem essa perfeição em forma de música pra carregar e soltem quando eu disser ;)

***

Dor, vazio, saudade, sentimento de perda... Um misto de sentimentos tomava conta de mim, agora. Ainda sentado do lado de fora da casa, pela janela de vidro, vi Ashley por, uma a uma, suas malas escada abaixo. Não tive forças para ajudar, parecia que meu corpo não respondia mais a mim e aos meus comandos.


Em minha cabeça, apenas uma coisa martelava, como uma penitência, um modo de me lembrar do que eu mais queria esquecer: Demi. Poderíamos estar juntos agora, felizes e traçando nosso futuro.

Agora tudo estava longe. Eu nem ao menos tinha contato com ela, nem sequer sabia como procurá-la. Por mais que eu quisesse, eu não poderia ir atrás dela assim, sem rumo. Eu tinha meu emprego aqui e, agora, um divórcio pra cuidar.

- Joe. – Ashley me chamou com a voz trêmula.

Eu apenas levantei a cabeça, que estava apoiada entre minhas mãos, e esperei que ela dissesse o tinha pra falar.

- Eu já chamei o táxi. – ela disse com um fio de voz. Eu não respondi nada. – Ainda ficaram algumas coisas aí e bem...
- Eu mando pra você. – eu respondi, sem muita emoção na voz. – As coisas do bebê também.
- Não precisa, foi você quem comprou e...
- O que eu vou fazer com coisas de bebê, Ashley? – respondi, com a voz meio alterada. – Francamente, para de ser ridícula, humildade e orgulho nunca combinaram com você!

Ela nada, respondeu. Abaixou a cabeça e enxugou algumas lágrimas com rolaram, de certo por minhas duras palavras.

- Tem alguma coisa que eu possa fazer pra você me perdoar? – ela perguntou com a voz chorosa.
- Começa tentando pensar em uma maneira de trazer a Demi de volta ou que me leve até ela... – eu disse ironicamente.
- Acho que posso ajudar... – depois de pensar por um instante, essa foi a resposta dela, pra minha surpresa.

Acompanhei com os olhos curiosos e desentendidos, Ashley ir até sua bolsa e anotar algo em um pedaço de papel.  Ela caminhou até mim e estendeu a mão, entregando-me o que ela tinha anotado.

- Demi deixou isso comigo antes de ir, não entendi no começo o por que... – ela disse dando de ombros. – Mas acho que agora faz sentido.

Olhei do papel para Ashley e dela, de volta para o papel. Peguei-o, como quem segura algo que pode machucar. Como se minha pele repelisse aquele, podemos dizer, passaporte que me levaria pra mais perto de Demi novamente. Escrito com a caligrafia feminina de Ashley, estava um número de telefone.

- É o número de onde ela está morando. – Ashley começou a dizer. – E da última vez que falei com Dianna, parece que é um apartamento e que ela dividi com outra menina, colega de curso.
- Porque você não me falou que tinha isso? – perguntei ainda olhando incrédulo e admirado para o papel.
- Não sabia que era importante pra você, como sei agora... – Ashley disse e suspirou pesadamente. – É uma maneira de pedir desculpas...

A buzina do táxi não me deixou responder. Ashley virou-se e caminhou em direção as malas. Eu dobrei o papel e coloquei em meu bolso, levantei em seguida, indo ajudá-la com a bagagem. Depois de tudo devidamente colocado no porta-malas do carro, fiz menção de virar e voltar para dentro de casa, mas Ashley segurou em meu braço, fazendo-me virar para ela.

- Espero, do fundo do coração, que um dia você possa me perdoar. – ela disse com os olhos marejados. – Você foi muito importante pra mim, Joe. Minha filha deve a vida dela a você.
- Apenas cuide bem dessa menininha. – eu disse fazendo um breve carinho na barriga dela. – Ela não tem culpa das idiotices que nós cometemos.

Ashley deu um breve sorriso e entrou no carro. Partindo da minha vida e deixando pra trás um rastro de coisas mal resolvidas e desencontros. Porque os seres humanos complicam tudo?

De volta ao meu quarto, encarei o número de Demi por incontáveis horas, sem ter certeza se devia ou não ligar. Tinha medo do que ia escutar, do que ia descobrir... Já fazia tanto tempo desde a última vez que ouvi a voz dela.

Meu coração disparava só de pensar nela e que agora eu estava livre pra ela, desimpedido. Apenas o oceano nos separava, apenas...

Peguei o telefone e disquei o número. Senti meu coração pulsar na garganta. O que eu falaria pra ela? Será que eu teria forças pra formular sequer uma frase? E se ela não quisesse falar comigo? Desliguei o telefone antes do terceiro bipe.

Minhas mãos tremiam e minhas pernas pareciam feitas de gelatina. No lugar do meu coração, parecia agora ter uma bateria de escola de samba. Eu estava mais do que nervoso, eu estava desesperado. Eram tantas dúvidas, tantos ‘ses’ que minha cabeça chegava a girar. Eu precisava criar coragem pra fazer isso.

Respirei fundo e fui até a sacada do quarto. A porta dela fechada ainda fazia meu coração se apertar e meus olhos marejarem, nesse momento eu lembrei porque eu evitava tanto ir até ali. Olhei para o número em minha mão esquerda e para o telefone em minha mão direita, enchi meus pulmões com o máximo de ar que consegui e disquei o número novamente.  Depois de quatro toques, uma voz, que eu não conhecia, atendeu ao telefone.

- Alô? – a voz era feminina e com um sotaque caipira bem forte.
- Er... Oi. Eu queria falar com a Demi... - eu disse com a voz trêmula e gaguejando.
- Hm, olha ela saiu faz algum tempo, mas assim que ela voltar eu aviso que você ligou. Qual seu nome? – a garota do outro lado da linha, que era bem simpática, perguntou.
- É Joe. – eu disse soltando um suspiro de frustração. A tensão do meu corpo de repente transformou-se em peso, como se agora eu pesasse uma tonelada.
- Tudo bem Joe, eu aviso... Ei, espera! – a garota gritou e riu depois. – Você tem sorte hein?! Ela acabou de chagar. Vou passar pra ela.

E então como se eu tivesse levado um choque de realidade, todas aquelas sensações voltaram com toda a força pro meu corpo e em minha garganta um bolo se formou como se eu fosse vomitar a qualquer momento.

- Oi. – a voz doce dela continuava do mesmo modo como eu lembrava, mesmo que pelo telefone.
- Demi? – eu disse engolindo em seco, na tentativa de soar menos nervoso. Nem preciso dizer que não consegui né?!
- Joe? – ela perguntou com um sussurro.
- É, sou eu... – respondi rindo brevemente, aos poucos a tensão foi se dissipando, como se a voz dela tivesse o poder de me acalmar.
- Oh meu Deus, quanto tempo! – ela disse e dessa vez mais alto e parecendo... Feliz. – Como você está?
- Estou bem, pequena. – respondi sorrindo. Era bom demais pra ser verdade, depois de tanto tempo poder ouvi-la de novo, mesmo que por telefone, era a melhor sensação que tive em meses. – E você?
- Estou bem... – ela respondeu e pareceu ficar triste novamente. – E... Seu filho?
- Bom, preparada pra ouvir uma longa história? – perguntei enquanto debruçava-me no parapeito da sacada.
- Eu não tenho mais nada de interessante pra fazer, se você estiver disposto a pagar tanto por uma ligação internacional... – ela perguntou daquele jeito dela, único e do qual senti tanta falta.
- Depois de tanto tempo sem ouvir sua voz, conta de telefone nenhuma vai tirar a felicidade que estou sentindo. – eu disse sorrindo. – Pode procurar um lugar pra sentar, não desligo esse telefone tão cedo...

Depois de ouvir a risada dela do outro lado da linha, fiz um breve resumo sobre toda a história da Ashley, e sobre tudo o que aconteceu depois. Demi ficou surpresa com o que contei, mas, pra minha felicidade, gostou da parte de que, agora, estou solteiro.

- Meu Deus, Joe! Eu sinto muito... – foi o que Demi disse ao saber que o filho de Ashley não era meu.
- Sente? – perguntei, meio que automaticamente.
- Claro que sim! – ela respondeu sobressaltada. – Você devia estar muito apegado ao bebê, não é verdade?
- É, isso é bem verdade. – respondi lembrando-me da falta que já me fazia sentir os chutes na barrigada de Ashley. – Mas e o lado bom disso? Você não se importa?

(n/a: coloque a música pra tocar!)

- Claro que me importo, Joe! – ela disse, dando um leve suspiro antes de continuar. – Mas as coisas estão tão diferentes agora...
- Como assim, diferentes? – perguntei sentindo meu peito queimar de antecipação.
- Joe, eu não tenho como voltar e se você vier... Joe eu não paro em casa, não teria tempo pra você... – ela disse com a voz um tanto, fria?
- Você não quer mais? Digo, a gente? Não sentiu minha falta? – perguntei, sentindo meu estômago revirar.

So far away from where you are
(Tão longe de onde você está)
These miles have torn us worlds apart
(Essas milhas tornaram nossos mundos separados)
And I miss you, yeah I miss you
(E eu sinto sua falta, sim eu sinto sua falta)


- Não é isso, Joe... é só que...
- Que você quer curtir sua vida aí... E quer saber? Você está totalmente certa! – eu a interrompi, já prevendo o que viria. Na verdade, o que eu já sabia que aconteceria.
- Joe, me escuta! – ela disse autoritária. – Não é isso tá legal?! Eu não me esqueci de nós dois, pra falar a verdade... Eu penso em você o tempo todo...
- Pensa? – perguntei, dividido entre a surpresa e a felicidade em saber disso.
- Penso... E  mergulhar de cabeça nas aulas tem me feito bem. – ela disse com a voz mais baixa – Sabe, eu ainda acredito na gente, Joe, mas eu também tenho que enxergar a realidade, ouvir a razão às vezes também faz bem...
- E o que ela te diz? – perguntei no mesmo tom de voz, sentindo-me triste com o rumo da conversa.


So far away from where you are
(Tão longe de onde você está)
I'm standing underneath the stars
(Eu estou debaixo das estrelas)
And I wish you were here
(E eu queria que você estivesse aqui)



- Que ainda não pode ser agora, que temos que viver muita coisa, cada um em seu lugar, pra que depois possamos juntar nossas experiências em uma só, pra que depois, não coloquemos a culpa de nossas frustrações um no outro. Temos que realizar nossos sonhos e ambições individuais para estarmos prontos na hora de caminharmos juntos. – ela disse de uma maneira tão sincera e tão convicta que não pude deixar de concordar.
- Sabe, às vezes me sinto o adolescente da relação... – eu disse e consegui arrancar uma risadinha dela. – Você está certa, mas tem uma coisa...
- O que? – ela perguntou no tom curioso que só ela tinha.

I miss the years that were erased
(Eu sinto falta dos anos que foram apagados)
I miss the way the sunshine would light up your face
(Eu sinto falta do jeito que o brilho do sol iluminava seu rosto)

- Não quero ficar longe de você e ainda com a incerteza de te perder a qualquer momento. – eu disse, já com um pleno traçado em minha mente.
- E que faremos a respeito? – ela perguntou e, com certeza, ela já sabia o que eu estava planejando.
- Namora comigo? – perguntei direto, mas sentindo meu coração palpitar acelerado dentro do peito.

I miss all the little things
(Eu sinto falta de todas essas coisas pequenas)
I never thought that they'd mean everything to me
(Nunca imaginei que elas significariam tudo pra mim)
Yeah I miss you
(Sim, eu sinto sua falta)
And I wish you were here
(E eu queria que você estivesse aqui)


- Namoro a distância? – ela retrucou.
- Não inventaram o computador e a internet à toa, mocinha. – eu disse fazendo-a rir.

Ela ficou em silêncio por um tempo e a única coisa que eu ouvia era o som do meu coração pulando dentro do peito, e por um momento me perguntei se ela podia ouvir também de tão forte que era.

- Eu aceito. – ela respondeu por fim, fazendo uma corrente de felicidade e plenitude correr pelo meu corpo.
- Você não sabe o quanto isso me deixa feliz! – eu disse da maneira mais sincera que pude.
- Você percebeu? – ela perguntou divertida.
- O que? – retruquei sem entender a pergunta.
- Você não passou nem um dia solteiro. – ela disse, como quem reflete sobre o assunto.
Eu ri da constatação dela, e me pus a pensar sobre o fato também. Mesmo a milhas de distância ela conseguia me deixar feliz de um modo que Ashley nunca conseguiu. Pela primeira vez na vida, senti que estava fazendo a coisa certa.

I feel the beating of your heart
(Eu sinto as batidas do seu coração)
I see the shadows of your face
(Eu vejo as sombras do seu rosto)
Just know that wherever you are
(Só saiba que onde quer que você esteja)
Yeah, I miss you
(Sim, eu sinto sua falta)
And I wish you were here
(E eu queria que você estivesse aqui)


- Anota meu e-mail, Don Juan... – ela disse divertida e eu entrei no quarto atrás de uma caneta e papel.

Anotei o e-mail, Skype e tudo o que eu tinha direito e me fizesse ficar mais próximo dela e passei pra ela os meus contatos também.

- Vou te mandar um e-mail com os meus horários, assim você pode ter uma ideia de quando pode me ligar. Agora eu tenho que desligar, te mando o e-mail ainda hoje. – ela disse com a voz meio apressada.
- Tudo bem, vou esperar. Demi... – chamei antes que ela se despedisse.
- Oi...

I miss the years that were erased
(Eu sinto falta dos anos que foram apagados)
I miss the way the sunshine would light up your face
(Eu sinto falta do jeito que o brilho do sol iluminava seu rosto)


- Eu sinto sua falta. – disse com os olhos fechados, me concentrando apenas na respiração e na voz dela.
- Também sinto a sua falta. – ela respondeu e, imagino que ela também estivesse igual a mim naquele momento. – Eu amo você.
- Eu também amo você. Prometo que vamos ficar bem tá?! – eu disse com a voz embargada.
- Eu sei que vamos! – ela disse com a voz tão trêmula quanto a minha. – É melhor desligarmos enquanto meu rímel ainda está intacto.

I miss all the little things
(Eu sinto falta de todas essas coisas pequenas)
I never thought that they'd mean everything to me
(Eu nunca imaginei que elas significariam tudo pra mim)
Yeah I miss you
(Sim, eu sinto sua falta)
And I wish you were here
(E eu queria que você estivesse aqui)


- Tudo bem. – respondi depois de rimos um pouco. – Mal posso esperar pra ouvir sua voz de novo.
- Logo você ouvirá, meu amor.
- Vou contar os segundos.
- Beijos, namorado. – ela se despediu, rindo.
- Beijos, namorada.

So far away from where you are
(Tão longe de onde você está)
These miles have torn us worlds apart
(Essas milhas tornaram nossos mundos separados)
And I miss you, yeah I miss you
(E eu sinto sua falta, sim, eu sinto sua falta)
And I wish you were here
(E eu queria que você estivesse aqui)


E então o som que avisava que a ligação havia sido encerrada, soou em meus ouvidos. Mas nem aquilo, que me fazia lembrar que ela estava tão distante de mim, arrancou a felicidade que se apoderou de mim naquele dia. Ela era o combustível da minha vida e agora, sentia que podia ir até a lua e voltar, tamanha a alegria que transbordava em meu peito. E eu tinha, apenas, ouvido a voz dela...


Continua...


7 comentários:

  1. amei o capitulo,
    fiou sem duvidas perfeito, você escreve muito bem,
    Posta Logo...

    Beijos Gaabs

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  2. Ahh!!!!!!!Estou tão feliz
    td está perfeito...
    Espero q continue assim
    vc é uma escritora profissa parabéns:D

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  3. Adoroo!!!!!
    Posta logo :D
    vai postar hoje?

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  4. Ai q lindo. O amr deles é tão forte q parece q eu sinto!!! Meu coração acelera ainda mais a cada gesto d amr deles.

    Bjus: Belly s2

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